terça-feira, 3 de março de 2009

Inconstante


Passo as noites sonhando com alguém que não existe. Vivo meus dias odiando o que esse alguém se tornou, Derramo lágrimas sem piedade, deixo escorrer, apenas pra sentir que tenho sentimentos. Choro sem precisar. Aprendi sozinha a lidar com a carência, sem ter que implorar abraços, nem me rastejar só pra ter o mínimo de atenção. Sabendo lidar, ou melhor, aceitar com tranquilidade, a melancolia e a rejeição. Numa vida vazia, rodeada de milhões de pessoas, tão sozinhas, que me impõem regras que nem elas mesmas respeitam. Fecho os olhos para enxergar o mundo, enxergar a mim, tudo é tão lastimável, que não consigo controlar as lágrimas, nem reter meus olhos frustrados. Nunca há ninguém lúcido, ou sóbrio, pessoas embriagadas, que só olham em frente, sem nem mesmo olhar pra trás, sem se importar com os outros, sem se importarem consigo mesmas. É excruciante me olhar no espelho, ver um rosto calmo, tranquilo, doce, mas sem expressão. Ver olhos intensos, nitidamente carregados de lápis tentado, inutilmente, amenizar a dor. Escondo segredos, sufocada pelas mentiras, cegada pelos medos, impossíveis de se conter, o me foge aos pulmãos. Vejo inúmeras máscaras, que escondem os outros, mas revelam o que eu realmente sou: indecisa, complexa, indignada, indecifrável, incontrolável e desconfortável. Constantemente inconstante.

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