segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Me adapto...


Me adapto, sem deixar expor nem mesmo o mais simples sinal de queixa, me adapto às suas brincaderinhas sem graça, que só me fazem sentir mais taciturna, me adapto aos seus delírios de álcool e cigarro. Me engraço nas suas graças de não saber me fazer rir. Me perco nos nossos desvarios de casal quase inocente em meio às conversas sem nexo e lugares ocultos.
Me esqueço dos passos, das regras, das prevenções, somos só nós dois, você preso nesse nosso caos de achar que se ama e eu tentando te ajudar a assumir que sou sua.
Qual o nosso problema, será que nos adaptamos tão mal aos nossos defeitos? A sua promiscuidade somada a minha promiscuidade, a minha ingenuidade dividida pela sua,minha, nossa volúpia. São tantas contas que fizemos um com outro, por conta dos ajustes que não podemos evitar. Deixa de lado as mentiras, que contamos pra mim, pra você, as mentiras dela, as mentiras que contou pra ela.
Me deseja a felicidade meu bem, contigo ou só com a sua lembrança, sem que desviemos nossos caminhos por conta de tudo o que passamos juntos. Eu me importo, mais do que você se importa, mais do que você gosta mais de mim.
Me deseje a felicidade, longe do amor de tantos rapazes que mantenho em conserva. Se demonstre tão imerso em nós quanto eu em ti.
Mostre pra mim que a eternidade eh possível e que existe algo além da nossa vã consciência crítica.
Sonhe comigo tantas noites quanto eu sonho contigo, vive comigo, me entregue tuas mãos pra que eu ande mais tranquila, caminhe do meu lado, sem medo, sem vergonha, só por me querer por perto.
Se adapte às minhas músicas loucas, que tem seus gritos exacerbados ou suas melodias calmas demais, eu me adaptei ao seu gosto, seu jeito, adapte-se aos meus costumes.
Acelera mais um pouco meu coração, faz suar minhas mãos e tremer as pernas, faz de nós um amor um pouco mais diferente e mais comum.
Faz desse texto algo menos parecido com uma oração, e nos torna um pouco mais alegres, mais nós.
Você me disse que o coração nos diz o que é certo, e eu digo amor, que não há nada mais certo que nós.


"Adapte-me ao seu Ne me Quitte Pas"

sábado, 14 de agosto de 2010

Talvez seja necessário um tempo

Estavam meio perdidos, em meio à 'Eu te amo'(s) sem credibilidade, amassos no escuro, mãos vorazes, vontades inéditas.
Ela estava confusa, como sempre, afinal, era ela, não se podia esperar de alguém tão previsível algo que não fosse à confusão.
Devo dizer que ela sempre se esforçava pra agradá-lo. Talvez gostasse dele, dos seus olhares dispersos, e suas brincadeiras que quase a faziam chorar. Talvez ela gostasse do toque das mãos dele sobre as suas, do toque dos dedos sobre sua pele, e o que arranhava sua barriga.
Talvez gostasse mesmo do modo suave e rude com que ele beijava seus lábios, do modo bruto como ele a empurrava sobre a parede, a prendia entre seus braços, o jeito como ele mordia seu pescoço, a forma como a tinha em seus braços e o clima despretensioso como prendia seu coração.
E apesar de tudo, ela sentia, às vezes, ele tão distante, como se não quisesse demonstrar, se gostava dela, talvez por medo, de se expor ou de ter que mentir.
Talvez a exposição fosse um pouco mais acalentadora, mas a mentira também bastaria.
Iria mascarar ao menos a indiferença por trás dos olhares. De ambos.
Mas veja bem, ele queria momentos de euforia, em que os carinhos haveriam de ser mais ferozes, mas ela ainda queria tempo. Não que não o desejasse, o queria, e muito.
Mas pra se amar tanto assim, não tem que existir confiança? Pra se ter confiança, não tem que amar? E me desculpe dizer, não tinham nenhum dos dois, e se tinham não era de modo consciente, responsável. Não eram responsáveis. Não pra mim.
E quais seriam enfim a consequências de um ato tão impulsivo e precoce? Ela só queria ser feliz. E ele, bem, não sei bem o que quer, nem sei se ele quer algo, algo concreto, algo de verdade. Algo além de dias juntos e prazeres momentâneos. Até porque não eram um casal convicto, desses que se beijam publicamente, se olham a todo o momento e andam de mãos dadas, talvez porque ambos achassem que isso constrangesse o outro. Ou talvez porque achassem cedo demais, mas nunca se é cedo ou tarde para demonstrações públicas de carinho. É tudo uma questão de tempo, tempo tátil, tempo hábil, tempo útil, sabe como é?
Talvez eles não tivessem tempo, ou experiência, o fato é, não sabiam bem como agir, ela por querer mais devagar, ele por querer mais rápido. Destoavam até mesmo no ritmo, já que já eram diferentes em quase tudo, na idade, na série escolar, nos gostos, no jeito. Fora inesperado que se dessem tão bem, e que fossem tão queridos um pelo outro.
Talvez ele devesse esperar, ou ela devesse ceder, talvez devessem tentar, ou quem sabe deveriam desistir agora, quando os corações ainda estão intactos por essa relação tão obviamente relativa.
Talvez fossem maduros, pudessem dispensar o tempo, dispensar as brigas que viriam, dispensar os votos e lutos por momentos que seriam memoráveis ou não, ou quem sabe viver tudo. Holanda, Espanha, tinham planos tão longínquos pra uma paixão que surgira há algumas semanas e por amor que não nascera há nem um mês.
Talvez isso, talvez aquilo, talvez devessem só tentar, deixar acontecer.
Pra talvez confirmar que a verdade seja, que talvez sejam jovens demais para saber amar.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Escolhas..


Um amigo me disse pra te mandar escolher, mas se me diz amor, se eu te pedir que faça tal escolha, seria mesmo capaz de escolher a mim? Tem mesmo certeza que é de mim que você gosta, e que são minhas as mãos que você sonhou junto às suas? Não é ela? Ela que você ama e quer ao seu lado, ela que há 7 meses você trai, ela que a uma semana você troca, por mim?
Se eu te mandar escolher, as lágrimas não vão rolar pelo meu rosto ao ter certeza de que era só diversão, e você também, não vai ficar um pouco mais chateado por perder seu brinquedinho?
Será mesmo que as escolhas serão boas pra nós dois? Provavelmente. Mas eu prefiro evitar.
Eu queria, realmente queria, que você tivesse certeza do que quer. Será que se me escolher, vai ser certo? Tem certeza que deixar de ser dela, pra ser meu? Não seria melhor se fosse de todas, sem ter que mentir pra ninguém?!
Eu queria sua certeza, pra deixar de ser sua, ser minha, só eu, sabe como é? Sem a obrigação de te querer escondido, de te ter escondido, de ser sua, só quando ninguém vê, pra que você fosse meu, e sem essa de "ninguém pode saber".
Eu só queria te querer abertamente, pra saber se é recíproco, ou é só capricho seu.
Eu não quero te obrigar a escolher, não quero nem que você escolha, porque pode não me escolher, e podemos perder o que já temos, se é que temos alguma coisa.
Não tenho certeza se quero que você queira ser só meu. Não quero que você tenha certeza que quer deixar de ser dela, pra ser meu, deixar de ser 'vocês' pra ser 'nós'. Prefiro a sua incerteza, porque é só o que tenho também.